quarta-feira, abril 25

# o dia em que me estupraram pelo ouvido


Não estou falando que alguém veio me dizer coisas idiotas e daí usei como metáfora “fui estuprada pelo ouvido”.  Não faço trocadilhos desse tipo, ok? (mentira). Mas não, eu realmente fui estuprada. Pelo ouvido. Mais comumente chamado de “lavagem”. E fico aqui imaginando o que leva uma pessoa a ter uma profissão com nome estranho (“otorrinolaringólogo”? SÉRIO?) e ainda curtir limpar narizes e ouvidos e gargantas alheias. Mas de boa, cada um cada um né.

Cheguei na clínica.

- Mzmfmbmzmz mmcmvmd mzmfuj?

- Quê?

- Mzmdriz mmcmanta mzmfvido?

- Desculpa, não entendi.

- SEU PROBLEMA É NARIZ, GARGANTA OU OUVIDO?

 - Ouvido.

Pra começar a sessão horror, a moça da recepção não tirava o caralho da boca pra falar não articulava muito bem as palavras. Masqueisso, eu quase não tava surda há uma semana já né, escutar pra quê. Depois a moça linda falou mais algumas coisas que, sinceramente, eu não entendi. Mas sempre me viro muito bem com a filosofia “sorria e acene” dos pinguins de madagascar (taí um filme que ajudou a formar meu caráter <3)

Mas preciso confessar que, apesar da recepcionista do mal, a clínica era bacana. Chique, na maneira mais vulgar e brega de definir. (tô enfatizando isso porque com o meu plano de saúde é difícil conseguir uma clínica chique). Chiqueza tanta que deu direito ao médico de “ter um imprevisto” e “não vir hoje, não”. Porque rico pode né. AH TÁ. Aí me passaram pra outro médico e foi nessa hora que começou a tensão: o dotô com quem eu tinha marcado a consulta estava cheio de pacientes; o dotô pra quem me passaram na sequência, não tinha paciente nenhum. Por que será MEU BRAZEEO? Mas aí como sempre faço - talvez por já ter acostumado com minha má sorte, talvez pelo prazer do exercício de meu pessimismo - segurei na mão de deus e fui. O hómi me chamou.

Pelo menos o médico falava alto. E era alto. E era tchuco, mas essa parte a gente ignora, porque… tem que ter ética, né minha gente? Conversa vai, conversa vem, expliquei a problemática. Ele me mandou sentar na cadeira e começou a avaliar a situation.

- É cera.

Assim, na maior calma. Como se fosse a coisa mais normal do mundo ficar SURDA por causa de CERA. (bom, pra ele deve ser normal já que né)

- Mas vamos limpar isso aí já já.

E a pessoa abriu a torneira, começou a encher uma vasilha e me deu outra pra segurar embaixo do ouvido

-Segura firme senão você vai tomar um banho - de água e de cera.

Adoro essa sinceridade emanando das pessoas. Valeu.
 
Então ele encheu uma seringa e…

 “O especialista usa uma seringa com água morna e faz a lavagem do ouvido. Pelo ângulo do jato d’água e a pressão resultante, a cera sai…”

Preciso explicar mais? Que eu me lembre, levei o jato no mínimo 3 vezes, depois da terceira, meu cérebro amorteceu. Mas é legal. A sensação é de que ele está condicionando seu ouvido a ser surdo pra sempre. E naquele calor que tava, parece que deu uma lavada por dentro da cabeça, gelou até meus olhos por dentro (sem brinks). Acho que até minha alma saiu limpa.

E quando eu olhei pra vasilha… gente, um alien vivia dentro de mim. E o dotô ainda fez questão de esfregar na minha cara aquelas coisas e falar “OLHA!” como se fosse a coisa mais legal do sul do mundo. Raça estranha essa dos otorrinos.

E pra terminar o momento “esse meu jeitinho lady de ser”, preciso contar que descobri de onde vem a cera usada na depilação. É igualzinho. FIM.




(para os stalkers de plantão: isso foi publicado anteriormente no tumblr, sim. é que eu tava com uma pregui de escrever o primeiro texto, que só peguei o que tava lá. muaaah =*)

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