Não
estou falando que alguém veio me dizer coisas idiotas e daí usei como metáfora
“fui estuprada pelo ouvido”. Não faço trocadilhos desse tipo, ok?
(mentira). Mas não, eu realmente fui estuprada. Pelo ouvido. Mais comumente
chamado de “lavagem”. E fico aqui imaginando o que leva uma pessoa a ter uma
profissão com nome estranho (“otorrinolaringólogo”? SÉRIO?) e ainda curtir
limpar narizes e ouvidos e gargantas alheias. Mas de boa, cada um cada um né.
Cheguei
na clínica.
-
Mzmfmbmzmz mmcmvmd mzmfuj?
-
Quê?
-
Mzmdriz mmcmanta mzmfvido?
-
Desculpa, não entendi.
-
SEU PROBLEMA É NARIZ, GARGANTA OU OUVIDO?
-
Ouvido.
Pra
começar a sessão horror, a moça da recepção não tirava o caralho da boca pra
falar não articulava muito bem as palavras. Masqueisso, eu quase não tava
surda há uma semana já né, escutar pra quê. Depois a moça linda falou mais
algumas coisas que, sinceramente, eu não entendi. Mas sempre me viro muito bem
com a filosofia “sorria e acene” dos pinguins de madagascar (taí um filme que
ajudou a formar meu caráter <3)
Mas
preciso confessar que, apesar da recepcionista do mal, a clínica era bacana.
Chique, na maneira mais vulgar e brega de definir. (tô enfatizando isso porque
com o meu plano de saúde é difícil conseguir uma clínica chique).
Chiqueza tanta que deu direito ao médico de “ter um imprevisto” e “não vir
hoje, não”. Porque rico pode né. AH TÁ. Aí me passaram pra outro médico e foi
nessa hora que começou a tensão: o dotô com quem eu tinha marcado a consulta
estava cheio de pacientes; o dotô pra quem me passaram na sequência, não tinha
paciente nenhum. Por que será MEU BRAZEEO? Mas aí como sempre faço - talvez por
já ter acostumado com minha má sorte, talvez pelo prazer do exercício de meu
pessimismo - segurei na mão de deus e fui. O hómi me chamou.
Pelo
menos o médico falava alto. E era alto. E era tchuco, mas essa parte a gente
ignora, porque… tem que ter ética, né minha gente? Conversa vai, conversa vem,
expliquei a problemática. Ele me mandou sentar na cadeira e começou a
avaliar a situation.
-
É cera.
Assim,
na maior calma. Como se fosse a coisa mais normal do mundo ficar SURDA por
causa de CERA. (bom, pra ele deve ser normal já que né)
-
Mas vamos limpar isso aí já já.
E
a pessoa abriu a torneira, começou a encher uma vasilha e me deu outra pra
segurar embaixo do ouvido
-Segura
firme senão você vai tomar um banho - de água e de cera.
Adoro
essa sinceridade emanando das pessoas. Valeu.
Então
ele encheu uma seringa e…
“O
especialista usa uma seringa com água morna e faz a lavagem do ouvido. Pelo
ângulo do jato d’água e a pressão resultante, a cera sai…”
Preciso
explicar mais? Que eu me lembre, levei o jato no mínimo 3 vezes, depois da
terceira, meu cérebro amorteceu. Mas é legal. A sensação é de que ele está
condicionando seu ouvido a ser surdo pra sempre. E naquele calor que tava,
parece que deu uma lavada por dentro da cabeça, gelou até meus olhos por dentro
(sem brinks). Acho que até minha alma saiu limpa.
E
quando eu olhei pra vasilha… gente, um alien vivia dentro de mim. E o dotô
ainda fez questão de esfregar na minha cara aquelas coisas e falar “OLHA!” como
se fosse a coisa mais legal do sul do mundo. Raça estranha essa dos otorrinos.
E
pra terminar o momento “esse meu jeitinho lady de ser”, preciso contar que
descobri de onde vem a cera usada na depilação. É igualzinho. FIM.
(para os stalkers de plantão: isso foi publicado anteriormente no tumblr, sim. é que eu tava com uma pregui de escrever o primeiro texto, que só peguei o que tava lá. muaaah =*)
(para os stalkers de plantão: isso foi publicado anteriormente no tumblr, sim. é que eu tava com uma pregui de escrever o primeiro texto, que só peguei o que tava lá. muaaah =*)
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